O caminho de cura da minha sexualidade

Até iniciar a minha caminhada espiritual, nunca achei que eu tinha algum tipo de problema sexual, o tesão estava sempre em alta…rs. Porém, as coisas começaram a mudar…e foi devido a uma série de fatores. Ao olhar para dentro buscando o autoconhecimento, me deparei com inúmeras feridas minhas e de minhas ancestrais, como abuso e traição. Estava na hora de olhar para isso e estas feridas não são curadas de uma hora para a outra. Outro fator que também me levou a total falta de tesão e libido foi a crença de que espiritualidade e sexualidade não combinam. Mesmo sabendo racionalmente que a sexualidade é sagrada, que a energia sexual é a própria Deusa dentro do meu corpo, eu não conseguia me libertar desta crença no nível das emoções e do corpo. Uma coisa é saber, outra é realizar.

Esta cura é uma longa caminhada, e acredito que de uma vida inteira, pois cada vez mais nos aprofundamos em novos níveis de consciência e percepção. A sexualidade não se define apenas aos nossos órgãos sexuais, ela está em todo o nosso corpo. Está na nossa capacidade de sentir prazer ao sentir o sol tocar a nossa pele, ao se deliciar com uma brisa refrescante, dar uma boa gargalhada com vontade…e sentir com profundidade e não mecanicamente. Por isso precisamos ter paciência com o nosso próprio processo, pois retiramos camada por camada. Procurar ajuda terapêutica me ajudou muito, precisamos reconhecer quando a ajuda externa é necessária. Não temos que dar conta sozinhas.

A ferida da sexualidade é uma das mais profundas na humanidade e, principalmente nas mulheres. Nossa parte mais íntima e sagrada foi profanada e violentada nos últimos 7000 anos. Precisamos olhar para tudo isso com amor e paciência, se acolhendo muito a todo momento. Estamos curando as feridas de nossas mães, avós e ancestrais e impedindo que estas feridas perpetuem para nossos filhos. Este é um grande trabalho e devemos nos sentir honradas por esta oportunidade. Por isso, eu lhe digo: você é forte e muito capaz. E se precisar chorar, saiba que suas lágrimas são um sinal da sua força e enorme sensibilidade.

A cura da nossa sexualidade se passa pela reativação da nossa sensibilidade. O que nossas ancestrais tiveram que fazer para suportar o tratamento que recebiam? Elas tiveram que se calar e deixar de sentir, pois sentir seria doloroso demais. O dom que nós mulheres temos de sermos sensíveis e intuitivas foi bloqueado. Assim, perdemos a conexão com o mundo espiritual e com o nosso coração. Perdemos a conexão com o nosso próprio prazer, pois os nossos canais de sensibilidade estavam fechados.
Conforme vamos retirando camadas, resgatamos a nossa sensibilidade. Acreditem: sentir é bom! É maravilhoso! O trabalho de cura está em abrir o coração e o ventre para sentir, liberando as mágoas e se abrindo para o prazer. É um trabalho corporal, de ativação do corpo, das células, do DNA. Voltar a sentir prazer ao sentir o sol tocar a pele, ao sentir a água nos banhar, a brisa, o toque das pessoas…mas nós aprendemos a viver no cabeção e passamos o nosso dia pensando e pensando…e diversas experiências sensoriais passam sem serem percebidas…e esquecemos do prazer que é viver.
Por isso, o trabalho de resgate da sexualidade, da sensualidade e do próprio prazer está em voltar a nossa atenção para o corpo. O corpo é sábio e ele está no tempo presente enquanto a mente está atormentada. Nesta hora, volte para o corpo, toque-o, se dê carinho. Sinta os pés no chão, sinta a terra abaixo de você. Exercite-se. Alongue-se. Mexa-se. Dance…
Cure-se!

Fernanda Brener

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